As Forças Armadas portuguesas iniciam esta segunda-feira uma nova fase da sua participação na ISAF, a missão de segurança internacional liderada pela NATO, com partida marcada para Cabul de um grupo de instrutores militares que vão contribuir no treino do Exército afegão.
Um total de 40 instrutores militares portugueses da Marinha, Exército e Força Aérea vai reforçar as equipas de treino dos Centro de Formação do ANA - o Exército Nacional afegão - em particular o Centro de Treino Militar de Cabul, o principal centro de formação do Exército afegão, e as escolas de apoio de serviços de combate e da logística e da nascente força aérea afegã.
O envio dos instrutores portugueses corresponde a uma reconfiguração da presença portuguesa no Afeganistão, com a retracção, no final de Setembro, da componente de intervenção (Força de Reacção Rápida) que integrou a missão da NATO entre Fevereiro e Setembro deste ano e o reforço da componente de apoio à formação das forças de segurança afegãs.
A missão enquadra-se no esforço de preparação das forças de segurança afegãs, a que a NATO atribui prioridade, tendo a decisão sobre a participação portuguesa resultado de uma decisão ratificada a 16 de Julho último pelo Conselho Superior de Defesa Nacional (CSDN).
Formação de tropas afegãs começa pouco a pouco a dar resultados positivos
O esforço de preparação de tropas afegãs começa a reflectir-se numa «progressiva melhoria da capacidade» das forças, o coronel José Correia, em serviço no Afeganistão de Outubro de 2009 a Abril de 2010.
Segundo o militar, apesar de considerar «positivo» o balanço dos resultados, o militar alerta que os progressos registados terão ainda de ser «testados na prática».Também alguns problemas, já verificados pelos responsáveis americanos e da NATO na preparação das forças afegãs, foram encontrados pela divisão portuguesa aí colocada.
Um deles prende-se, no parecer do Coronel, com a iliteracia generalizada dos recrutas afegãos, problema que diz ter procurado responder através de «um esforço alfabetização elementar».
Outro aspecto problemático é o do equilíbrio étnico dentro das unidades militares afegãs. «Na nossa unidade procurou-se congregar representantes das diversas etnias de forma proporcional e equilibrada a todos os níveis, incluindo nos escalões de comando», explicou.
No entanto, «em geral, o soldado afegão é generoso, capaz», cuja capacidade «depende em grande medida do enquadramento e há já alguns oficiais muito bons», sublinhou o Coronel José Correia.
Num balanço da experiência vivida junto das tropas afegãs, o coronel José Correia insiste que os resultados vão surgindo, mas reconhece que o esforço de preparação das forças afegãs será ainda longo e sobretudo que ¿tem que ser observado nas operações e na reação a incidentes¿.
Os Estados Unidos e a NATO intensificaram nos últimos meses o treino das forças afegãs e os efetivos do ANA (Exército afegão) atingem 136 mil membros e a polícia 115 mil. A eficácia das unidades afegãs no terreno continua porém a merecer grandes reservas aos responsáveis da ISAF.
Com duas missões cumpridas no Afeganistão, o tenente-coronel Pedro Soares considera que o problema se prende, antes de mais, com uma forma diferente de actuar no terreno. «O ANA está a crescer muito e não partilho da opinião de que não sejam auto-suficientes», considera o oficial.
«O que eles estão é longe de operar nos nossos moldes. Há muita escola russa e experiência afegã. Em suma, eles têm guarnições organizadas e funcionam. Só que não é como nós queremos», declarou. (IOL)
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