Os estados da NATO estão a discutir em Bruxelas opções militares para lidar com a situação de emergência humanitária e violência indiscriminada na Líbia. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou ontem que "existem consultas em Bruxelas (sede da Aliança Atlântica) sobre uma vasta gama de opções, incluindo potenciais opções militares, em resposta à violência que continua a existir na Líbia". Obama enviou uma mensagem aos apoiantes de Muammar Kadhafi: "Cabe-lhes escolher o que vão fazer no futuro, sendo certo que serão responsabilizados pela violência que continua a ocorrer no país." O tema estará na agenda da reunião dos ministros da Defesa da NATO nas próximas quinta e sexta-feira.
William Hague, ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, informou ontem que "foi pedido à NATO que trabalhe numa vasta gama de opções, incluindo a possível imposição de uma zona de exclusão aérea, transferência de civis, assistência humanitária internacional e apoio ao embargo de armas". Hague disse que a "Grã-Bretanha está a trabalhar com outros países no Conselho de Segurança das Nações Unidas numa resolução sobre a zona de exclusão aérea". Os países da Liga Árabe apoiam essa decisão - os ataques aéreos das forças de Kadhafi estão a atingir civis na Líbia -, disse o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Alain Juppé, após um encontro com o secretário-geral da organização, Amr Moussa.
O secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, assumiu que "os ataques sistemáticos contra a população civil podem constituir um crime contra a humanidade". Porém, "a NATO não tem planos para intervir, e qualquer papel operacional terá de ser concretizado nos termos de um mandato da ONU", concluiu. O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, informou que Moscovo "é contra qualquer ingerência militar estrangeira na Líbia". Pequim também se opõe à intervenção militar no país, onde ainda estão 20 mil trabalhadores chineses.
Os bombardeamentos dos aviões de Kadhafi atingiram ontem a cidade portuária líbia de Ras Lanuf, provocando dezenas de mortos e feridos. Registaram--se também combates ferozes em Zawiya, Misrata e Ben Jawad. As Nações Unidas alertaram ontem para a crise humanitária no país: um milhão de pessoas estão encurraladas e precisam de ajuda de emergência. A ONU necessita de quase 115 milhões de euros para os próximos três meses: Valerie Amos, líder da coordenação de emergência humanitária da ONU, afirmou ontem "que este apelo é baseado num cenário que projecta a saída de 400 mil pessoas da Líbia, incluindo as 200 mil que já abandonaram o país e mais 600 mil que continuam dentro das fronteiras".
Os rebeldes continuam a combater as forças leais a Kadhafi na zona costeira da Líbia. Trata-se de uma guerra de baixa intensidade e nenhuma das partes conseguiu ainda impor-se pela força. Os movimentos tácticos, com sucessivos e avanços e recuos, deixam o país num impasse militar enquanto as populações civis sofrem com a violência.
Muammar Kadhafi insistiu no domingo, no canal France 24, que está a lutar contra terroristas: "As unidades do exército líbio têm de lutar contra pequenos bandos armados da Al-Qaeda." (I)
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