Ao mesmo tempo, a Tekever prepara-se para assumir uma participação na única empresa brasileira certificada como estratégica na área dos drones. Junto com as restantes 13 empresas que seguiram com José Pedro Aguiar-Branco para o Brasil representam a esperança de “70 potenciais negócios”, essenciais para atingir o objectivo definido para este ano de aumentar em 100 milhões de euros as exportações portuguesas no sector.
Tanto a OceanScan como a Tekever já trabalham há alguns anos com as Forças Armadas Portuguesas. Os seus equipamentos de sucesso servem essencialmente para levar a cabo missões de vigilância e rastreio, mas em meios diferentes. A primeira resulta de anos de cooperação entre especialistas da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto com a Marinha. Daí resultou uma start-up que se especializou em pequenos veículos submarinos vocacionados para fazer mapeamento e rastreio marítimo.
É Eduardo Filipe, presidente do Conselho de Administração da idD, quem destaca o potencial desta empresa na feira que agora se realiza, assinalando a “grande procura” que existe por este tipo de equipamento. No caso da OceanScan, além dos sistemas já disponibilizados à Marinha portuguesa, foram já vendidas três sistemas à Marinha da Lituânia (para detecção de minas) dois sistemas à Rússia (para operarem em missões de busca e salvamento) outros dois à Universidade de Zagreb (Croácia) e outros tantos a uma universidade chinesa.
Os drones submarinos que a OceanScan produz já têm, portanto, nome na Europa e a aposta é que, agora, os seus LAUV (Light Autonomous Underwater Vehicle – Veículo Submarino Autónomo Leve) passem a operar nos mares do Atlântico Sul.
Mas Eduardo Filipe antecipa outra oportunidade de negócio comdrones, desta vez no ar. A Tekever – que vendeu dois drones à Polícia de Segurança Pública e tem estabelecido protocolos de cooperação e cedência dos seus sistemas ao Exército, Marinha e GNR – prepara-se para adquirir uma participação na SANTOSLAB. A empresa Brasiliera que fornece à Marinha brasileira os seus drones de vigilância.
Já há mais de um ano que existia uma ligação entre as duas empresas. Desde há ano e meio que o Carcará da SANTOS LAB é equipado com material da Tekever. Segundo Ricardo Mendes, responsável da empresa portuguesa, o interior da aeronave era quase exclusivamente português (sistema de comunicação e de controlo em terra, por exemplo). Com o passar do tempo, ambas as empresas chegaram à conclusão de que “faria sentido trabalharem juntas”. E assim se avançou para a assinatura de um acordo para a aquisição de uma participação na empresa brasileira. O objectivo é tornar a Tekever num “accionista de grande significado” na SANTOS LAB. Ricardo Mendes escusou-se a quantificar – tanto em termos da percentagem da participação como em termos de verbas investidas - o que representa essa expressão, argumentando com as rígidas regras de sigilo que o Estado brasileiro impõe no sector.
O Brasil coloca sob reserva todos os números que estejam relacionados com as entidades que certificou como empresa estratégica brasileira. É precisamente por isso que a Tekever está interessada na SANTOS LAB. “É a única fabricante de drones que pode trabalhar no Brasil no sector de Defesa”, garante Ricardo Mendes. O sigilo militar impede mesmo que se revele quantos Carcará opera a Marinha brasileira e a Polícia Federal.
Sector vale 1,7 mil milhões em exportações
Criada há menos de um ano, a idD (Plataforma das Industrias de Defesas Nacionais) tem como objectivos a identificação de negócios no exterior e a internacionalização das empresas portuguesas de Defesa. Para isso, em meio ano, levou um conjunto dessas empresas a quatro feiras internacionais – Colômbia, Índia, Abu Dhabi e Madrid – como a que esta semana se realiza no Brasil.
Eduardo Filipe, presidente do Conselho de Administração, estabeleceu para 2015 a meta de fazer crescer em 100 milhões de euros as exportações portuguesas no sector. De acordo com o mesmo responsável, as exportações das 120 empresas que compõem o sector representaram “1,72 mil milhões de euros” no ano passado.
Eduardo Filipe identificou quatro áreas com maior potencial de crescimento. Além da indústria naval (onde se inclui a OceanScan) e dos UAV (onde estão os drones da Tekever), o CEO da idD sinalizou também os têxteis, as tecnologias da informação e os sistemas de detecção e socorro a náufragos como as áreas que mais podem contribuir para os “potenciais 70 negócios” que as empresas portuguesas podem trazer da América do Sul.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Mensagens consideradas difamatórias ou que não se coadunem com os objectivos do blogue Defesa Nacional serão removidas.