As autoridades portuguesas e brasileiras estão a negociar a compra dos novos aviões cargueiros KC-390 desenvolvidos pelo grupo Embraer, prevendo-se que até ao final deste ano haja uma decisão quanto à entrada de Portugal como participante industrial neste projecto, confirmou ao PÚBLICO uma fonte oficial do Ministério da Defesa.
A compra destes aparelhos, que serviriam para substituir os actuais C-130 operados pela Força Aérea Portuguesa, está, no entanto, sujeita "à efectiva participação de Portugal no projecto de desenvolvimento" do avião militar, indicou também o gabinete do ministro da Defesa, Augusto Santos Silva.
Tanto a compra como a participação de empresas portuguesas no projecto estão previstas numa declaração de intenções assinada há cerca de um mês por Santos Silva e pelo homólogo brasileiro do ministro, Nelson Jobim, que determina o início de "negociações bilaterais" quanto à participação de Portugal neste programa. Os dois Governos comprometem-se também a "tentar concluir a negociação em 2010".
Quanto ao preço que cada avião custaria aos cofres do Estado e de que forma seria realizado esse pagamento, para já, nada se sabe. Em cima da mesa está a aquisição de seis aviões por Portugal, segundo a revista de aviação Flight Internacional, que acrescenta que as primeiras declarações de interesse foram da parte do Brasil (28 aviões) e que se seguiram o Chile e a Colômbia, estes últimos num total de 18 aparelhos. Outro país que já mostrou interesse no KC-390 foi a República Checa, acrescenta a Defense News.
"A eventual compra pelos portugueses não é uma condição sine qua non, mas ajuda bastante a tornar este projecto mais importante e poderia ajudar a escolher Portugal para participar num desenvolvimento importante da aeronave", comentou nessa altura o governante brasileiro, depois de lembrar que a Embraer já tinha identificado 16 empresas fornecedoras locais com as quais estava a negociar o fornecimento de peças. Uma das envolvidas no fornecimento poderá ser a Ogma-Indústria Aeronáutica de Portugal, que está instalada em Alverca e é participada pelo próprio grupo brasileiro.
O futuro avião, que tem uma capacidade prevista de 20 toneladas, deverá ter os primeiros protótipos concluídos apenas entre 2014 e 2017. Isto quando a esperança de vida dos C-130 aponta para mais cinco a dez anos depois da modernização que irão ter agora na Ogma.
Nos próximos meses, o calendário das negociações entre os dois Governos também poderá ser afectado pelas eleições no Brasil, que vão incluir uma segunda volta a 31 de Outubro disputada entre a sucessora de Lula da Silva e candidata do Partido dos Trabalhadores, Dilma Rousseff, e José Serra do lado do PSDB. A tomada de posse está prevista para Fevereiro do próximo ano.(Público)
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