5 de outubro de 2010

Portugal acena com 'veto' à NATO

Luís Amado não abdica do quartel-general e avisa que é preciso consenso para mudar a Aliança.

As negociações pela manutenção do Comando da NATO em Oeiras têm de estar malparadas nos bastidores da diplomacia ou Luís Amado não teria ameaçado os aliados com o veto português.

Numa declaração invulgar e pouco diplomática, o ministro dos Negócios Estrangeiros avisou ontem, em Bruxelas, que o Governo de Lisboa está disposto a travar qualquer plano de restruturação da Aliança do Atlântico Norte que retire o comando a Portugal.

"Para haver um acordo sobre a reforma da estrutura de comandos é preciso que haja consenso a 28 e, naturalmente, que Portugal dará o seu acordo a uma solução final, desde que ela não ponha em causa os interesses que considera fundamentais," disse o ministro, à margem da cimeira Europa-Ásia.

Nos últimos meses, a diplomacia portuguesa tem-se empenhado em desmontar todos os argumentos anti-Comando de Oeiras e dado sinais de oposição ao fim da estrutura. Mas as palavras de Amado soaram a último aviso para dentro da Aliança.

O presidente do Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança (IPRIS) disse ao DN que esta posição de força "confirma os receios sobre a extinção do Comando de Oeiras". "Portugal tem tentado resistir. Agora está a dissuadir e posicionou-se para a negociação," disse Paulo Gorjão.

A opinião é partilhada pelo almirante Reis Rodrigues. O antigo comandante de Oeiras confessa que não se recorda de uma posição tão "forte" de Portugal.

A restruturação da NATO é um dos assuntos em cima da mesa na cimeira da organização que se realiza em Lisboa no próximo mês. A extinção do Comando de Oeiras é uma das hipóteses consideradas mais fortes. Mas, oficialmente, nada estará ainda decidido.

Reis Rodrigues explicou ao DN que o comando está a par na hierarquia da organização a um quartel em Itália e na Holanda. Caso seja necessário escolher um, pelo peso relativo de Portugal na aliança, Oeiras seria o preterido.

Apesar disso, o Almirante nota que o comando português é muito útil para projectar a NATO a sul, especialmente em África. E relativizando as notícias que dão como certa a sua extinção lembra que desde que foi criado, no final dos anos 1960, o quartel de Oeiras esteve por cinco vezes para ser eliminado e de todas essas vezes acabou a subir na hierarquia.

Paulo Gorjão admite que, desta vez, possa acontecer o contrário. A diminuição de competências é uma das portas de saída para o impasse nas negociações. E uma solução que poderia ser aceite por Lisboa.

O professor não acredita que Portugal chegue ao ponto de impedir formalmente o consenso na organização. Gorjão adianta que as palavras de Luís Amado foram apenas uma jogada. Portugal tem outros trunfos na manga e um deles é a relação com os EUA.

"Esta é a altura em que vamos usar todas as fichas", explica Gorjão, depois de lembrar que Portugal organizou a cimeira das Lajes - que lançou a invasão do Iraque - e tem militares no Afeganistão.

A "cobrança de favores" estará já em curso. No final da semana passada, o ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, reuniu-se com o embaixador americano na NATO, Ivo Daalder. Fontes aliadas confirmaram na altura que Portugal tem promovido diligências junto os EUA no sentido de marcar a sua posição face ao Comando. O DN contactou, sem sucesso, a embaixada americana sobre o assunto.

Portugal é membro fundadores da NATO. Na história da organização foram poucos os atritos diplomáticos com Lisboa. Um dos 'vetos' recentes na NATO foi o da Grécia à adesão da Macedónia. (DN)

2 comentários:

  1. Apenas uma questão: como pode o regime republicano continuar com reivindicações de toda a ordem, quando os seus partidos recebem ordens específicas para afrontar as FA, negar-lhes o armamento e as verbas necessárias à manutenção. Para cúmulo, ainda enviam soldados para o estrangeiro. É este, um "sucesso" do centenário?

    ResponderEliminar
  2. Caro Nuno,
    Este regime maçónico republicano já perdeu toda a sua credibilidade, só um cego não vê isso. O problema é que o povo também não vê nenhuma solução a esta 3ª república moribunda.

    ResponderEliminar

Mensagens consideradas difamatórias ou que não se coadunem com os objectivos do blogue Defesa Nacional serão removidas.