A Armada, o Exército e a Força Aérea recusaram assinar a proposta do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), concluída há dias, sobre a definição do modelo de gestão do hospital único das Forças Armadas (HFA), soube ontem o DN.
O porta-voz do EMGFA, comandante Ramos de Oliveira, respondeu que o processo continua em aberto porque os trabalhos "só terminam a 31 de Dezembro".
Segundo as fontes do DN, ouvidas sob anonimato por não estarem autorizadas a falar sobre a matéria, a proposta do EMGFA propõe a existência de uma direcção com três subdirectores (um por cada ramo) e a sua instalação "fora das unidades hospitalares" militares em Lisboa.
No caso específico do Exército, a comissão sugere incluir a sua unidade de apoio sanitário (em acções de campanha) no HFA.
De acordo com diferentes fontes, o Exército foi o único dos ramos que entendeu explicar por escrito a sua posição ao EMGFA, defendendo que a proposta em causa fosse "remetida aos ramos para análise, discussão e elaboração de contributos".
A chamada "Comissão para a Definição do Modelo de Gestão do Futuro Hospital das Forças Armadas" foi criada em Agosto, na sequência do despacho ministerial de Junho que definia os calendários de implementação de duas dezenas de serviços hospitalares conjuntos nos hospitais da Estrela e do Lumiar.
A par dessa comissão estritamente militar, há um outro grupo de trabalho criado no Ministério da Defesa para elaborar o programa funcional do HFA num único edifício, o tipo de urgência ou de especialidades necessárias, entre outros aspectos, cujos trabalhos também só terminam no final do ano.
A comissão do EMGFA visava, especificamente, definir a natureza, organização, financiamento e modelos de gestão e funcionamento do futuro HFA. A missão deste hospital único, as suas regras de funcionamento e a sua calendarização foram também consideradas.
No final do mandato, de acordo com uma das fontes, o trabalho dessa comissão "deverá culminar com a apresentação de uma proposta de decreto-lei de criação do Hospital das Forças Armadas, bem como de um relatório de suporte que irá conter a fundamentação do projecto de diploma" atrás referido.
Entre as muitas questões em aberto nesta reforma que se arrasta há anos, pela sua delicadeza e complexidade (a par das resistências e interesses específicos de cada ramo), está a separação entre a componente assistencial e a de natureza operacional.
Com o ministro a voltar as atenções para essa área, falando ontem sobre a reforma na Comissão Parlamentar de Defesa e visitando quinta-feira o Hospital Militar do Porto, a situação dos enfermeiros - e o seu papel específico dentro do HFA - é outra que gera preocupação.
Por um lado, há problemas de carreira: muitos são sargentos (apesar de terem licenciatura, não têm acesso à carreira de oficial); por outro, enquanto sargentos, não têm poderes de gestão.(DN)
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