Em 1968, o 22º curso de FZE começou em 28/10/68 até 8/3/69 , 211 alunos dos quais só 177 acabaram o curso. Todos antes tinhamos 7 meses de marinha.
A instrução de combate como zona de Inverno e durante quinze dias, levou-nos para S.Jacinto ( Aveiro). A Ria, para quem não conhece desagua em delta. Ilhas ilhéus, ilhotas com arame farpado era "mato". Abandonados tês dias, a chover torrencialmente, com ração para dois dias etc.
Descansamos no vibaque, ao fim de termos andado perdidos no meio da Ria. Á noite ,por volta das 4 / 5 horas, um estrondo e tremideira. Terramoto. Vamos para a borda de água, para ver como se comporta. Nada grave.
DESTACAMENTO DE FUZILEIROS ESPECIAIS 9
Moçambique 1969/71
Operação : localizar e destruir bases e grupos inimigos na zona sector A
Ordem de 25/2/1970 REINTEDEF.
O DFE embarca a 3 GA na LF Mercúrio.
Formação de comando-- Com. 2º Ten. Baptista Coelho +2 = 3
1º Grupo de Assalto --1º Sarg. Colaço +18 = 19
2º " " --2º Sarg. Miranda +18 = 19
3º " " -- S/Tenente Ismael Monteiro + 18 = 19
TOTAL--------------------------------------------------------------- 60
carregadores nativos ----8
Guias de combate --------2
O DFE 9 a 3 GA, embarcou no Cobué na LFP Mercúrio a 26/2 - 3,30 h, tendo desembarcado a sul da Foz do Rio Limbué ás 6,00 h.
Depois de desembarcar em botes ZebroIII, ás 6,30 h, iniciamos marcha, ao rumo geral ENE, passando por locais já nossos conhecidos.
Cerca das 14 h, atravessamos o Rio Matamatxi, afluente do rio Fubué.
O terreno tornava-se gradualmente mais montanhoso. O nosso rumo era agora quase ESTE.
Às 18 h estacionamos.
Segundo as indicações do guia ( tinha sido apanhado dias antes por uma Cia do Exército), estavamos perto das nascentes do Rio Fubué.
Estacionamos em local aprox. 12º 24' - 34º 49', das 18 ás 22 h.
Às 22,30 h , com uma lua ainda pálida e encoberta, continuamos marcha, lentamente, devido ao acidentado do terreno.Descemos.
Do fundo, do vale, chegava até nós o barulho da água corrente; era o Rio Fubué.
Por um pequeno carreiro que o guia conhecia, fomos descendo ( de outra forma mesmo de dia não era quase possível) o guia avançando á frente, garantiu-me que o trilho não estava armadilhado. E assim, andando, escorregando,num emaranhado de capim, arbustos e silvas, chegamos ao Fubué.
A partir desse momento, o silêncio era imprescindível. A marcha tornava-se ainda mais lenta,avançamos pelo leito do rio a favor da corrente, com água pelos joelhos.
A zona e o terreno era para nós desconhecido.
Segundo indicações do guia, já perto, encontravam-se as primeiras palhotas da povoação Batamica, controlada pela Base Central.
As duas primeiras cubatas, eram ocupadas por elementos PF ( população fugida) armada, que vigiava os acessos Norte da povoação, mas que segundo as previsões ...dormiam aquela hora ( cerca de meia noite).
Avançamos cautelosamente, e, então, encaixadas nas vertentes do vale e ocultas por denso arvoredo, apareceram as habitações.
Os elementos PF foram capturados de surpresa,em silêncio, e apreendidas armas: 1 Simonov, 1 Steyer. Foram aparecendo mais palhotas.
O número de PF capturados era já numeroso e incómodo,atendendo á missão a cumprir: atacar a Base Central. Esta nossa passagem pela povoação era,segundo indicações do guia, o caminho menos previsível para atingir a Base. Seguiram assim connosco, os elementos PF, pois deixados no local poderiam alertar a Base.
O DFE e "incorporados", Formavam já uma coluna de 90 elementos aproximadamente.
Depois de atingido outro braço do Rio Fubué. Subimos para o planalto, e, ao rumo geral NE, seguimos uma picada que ligava a povoação de Batamica á Base Central.
Os elementos capturados, nada acrescentaram ao que já se sabia, embora tivessem afirmado haver muito movimento na Base .
A noite, agora, com lua descoberta, facilitava um avanço rápido. Aliás, urgia despacharmo-nos, pois era já cerca das 1,00 h, e tinhamos de chegar á Base aos primeiros alvores.
O terreno começava a tornar-se novamente muito acidentado; o trilho seguia contornando cumeadas de encostas abruptas, as horas iam passando,e sempre em marcha mais acelarada aproximavamo-nos da Base.
A ideia de chegar á base já depois do alvorecer, obsecava-me.
Todo o pessoal começava a mostrar fadiga consequente de um dia e uma noite de marcha seguida, intercalada de pequenos descansos.
Avisou-se todo o pessoal da proximidade da sentinela, e saindo do trilho, fizemos um desvio contornando alguns morros para Sul da sentinela.
Às 4,50 h apareciam já perto as primeiras cubatas da Base. Foi deixado um pequeno grupo guardando o equipamento e os prisioneiros, e cerca de 40 Fuzileiros avançaram aligeirados em linha para a Base.
O silêncio era completo. Apareciam no horizonte os primeiros alvores do dia 27.
O primeiro pormenor que me saltou á vista era a grande área onde se espalhavam, a perder de vista, numa desordem propositada, dezenas e dezenas de cubatas de vários tamanhos e feitios, bastante afastadas umas das outras, e todas debaixo de denso arvoredo, ligadas entre elas por trilhos muito batidos. Continuamos a avançar em linha. De um lado ao outro, algumas cubatas não eram abrangidas pela frente de assalto. A imensidão da área, preocupava-me bastante.
A primeira equipa entrou numa cubata. Na cama, deitado, um homem levanta-se sobressaltado e pega na arma. É abatido. Era o secretário geral da Base Central ( Dustão Paulo Candeia).
Assim se iniciou, em total surpresa, o assalto á Base Central, também chamada Ichinga, Vila Cabral ou Mepotxe.
Assim se iniciou, em total surpresa, o assalto á Base Central, também chamada Ichinga, Vila Cabral ou Mepotxe.
As 3 Mgs abriram fogo em simultãneo, varrendo toda a área em zonas sobre postas.(Continua)
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